O MSP América Latina, incluindo o MSP Círculo Brasil, esteve presente com muita força no Fórum Social Mundial 2009 em Belém do Pará. Uma delegação de mais de 30 pessoas de variados países (Brasil, Argentina, Paraguai, Equador, Colômbia, Guatemala, El Salvador, Nicarágua, México Bélgica e EUA) trabalharam durante toda a semana (de 25 de janeiro a 1º de fevereiro) na construção e no fortalecimento do MSP na América Latina, baseados nos princípios da Carta pela Saúde dos Povos (http://www.phmovement.org/files/phm-pch-portuguese.pdf) para atingir a saúde para todos e todas. Anteriormente ao FSM, a delegação do MSP participou do III Fórum Social Mundial da Saúde, com presença em diversos painéis e oficinas auto-gestionadas, que contribuíram com trocas de experiências de luta pela saúde em diferentes países da América Latina. As discussões sobre a crise estrutural da sociedade, o cuidado com o meio-ambiente e o respeito às diversidades fortaleceram a necessidade de uma abordagem integral de saúde dentro da perspectiva da proteção social. Daí a defesa veemente da universalização da seguridade social para todos os povos. A partir do FSMS, foi encaminhada a Campanha “SUS – Patrimônio da Humanidade” e marcada a Conferência Internacional sobre o Desenvolvimento de Sistemas Universais para novembro de 2009 em Brasília. A Carta de Belém, elaborada e aprovada no encerramento do evento, documenta a Declaração Política do III FSMS (http://www.fsms.org.br/portugues/noticias.php).
A Caminhada de Abertura do FSM, no dia 27 de janeiro, sob a chuva tropical da região Amazônica, ouviu e sentiu a manifestação de dezenas de milhares de pessoas. O MSP percorreu o trajeto com brados de luta pela saúde, integrando Brasil e América Latina, português e espanhol. “Alerta, alerta, alerta que camina la lucha por salud en América Latina!” e “ A nossa luta é todo dia, a nossa vida não é mercadoria!”. Em sintonia com outros milhares de gritos de luta que formavam uma só voz: a da justiça social.
Durante o FSM, as seis oficinas do MSP contribuíam para unificar e fortalecer o grupo presente, planejar ações futuras e agregar companheiros e companheiras que se identificam com a mesma luta. Durante estas atividades, foi possível trabalhar o tema da água, resgatando o seu significado divino, agregando ainda a sabedoria da cosmovisão maia. Também possibilitaram fantásticas trocas de experiências, discussões sobre atenção primária à saúde, mudança climática e determinantes sociais da saúde, além de apresentação e discussão sobre o relatório alternativo do Observatório da Saúde Mundial 2 e momento de planejamento do grupo para ações no Brasil e na América Latina. Outras duas oficinas, oferecidas pelo GAPA-RS, organização vinculada ao MSP Círculo Brasil, abordaram o protagonismo das pessoas vivendo com HIV/AIDS e o assunto da co-infecção HIV-hepatites. Na oficina “A Divindade da Água”, facilitada por Kátia Cesa, com a participação de Marta Conte e Patrícia Genro da ESP/RS, de Porto Alegre, e com mais de 60 pessoas presentes, fez-se um espaço para reflexões, trocas de experiências e de didáticas criativas para as atividades de educação ambiental. O trabalho se encerrou à margem do Rio Tucunduba, com um grande círculo, onde o companheiro Leopoldo Mendez, da Guatemala, compartilhou saberes ancestrais da cultura maia.
Na primeira oficina do GAPA-RS, facilitada pela psicóloga Sandra Perin e por Jaime Quiroga Berdias, da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com AIDS RNP+BRASIL/RS, refletiu-se sobre a necessidade do protagonismo de quem vive uma doença tão estigmatizada. Se antigamente as pessoas com HIV rapidamente morriam, agora elas vivem e podem ser agentes de sua própria saúde e de sua vida. Participaram cerca de 50 pessoas, na sua maioria profissionais ligados à saúde. Na segunda oficina, facilitada também por Sandra e pela coordenadora do Movimento de Hepatites do Brasil, a socióloga Regina Lancellotti, abordou-se o tema da co-infecção HIV/Hepatites e seus agravos. Participaram cerca de 80 pessoas, a maioria da área da saúde e profissionais do Programa Saúde da Família. A partir do trabalho realizado nas oficinas, pode-se perceber que o acolhimento aos usuários do SUS, tanto na área de tratamento/apoio ou na área de prevenção do HIV e das hepatites virais, está distante de ser satisfatório.
As experiências de luta em vários países da América Latina foram compartilhadas de forma interativa. Gabriel Garcia, de Chiapas, México; José Matias, da Frente Nacional pela Saúde dos Povos, do Equador; Jaime Morales, da Universidade de Cuenca, Equador; Margarita Posadas, de El Salvador; Damián Verzeñassi, da Universidade de Rosario, Argentina; Marcela Bobatto e Gerardo Segovia, do Movimento Laicrimposalud, da Argentina; Mauricio Torres, do Movimento Nacional pela Saúde e Seguridade Social na Colômbia: Carlos Lix, do Movimento Cidadão pela Saúde da Guatemala contaram suas inspiradoras vivências com paixão e espírito de luta contagiantes.
Na oficina sobre mudança climática e atenção primária à saúde, os integrantes do MSP e funcionários da Organização Mundial de Saúde Eugenio Villar, do Peru, e Kumanan Rasanathan, da Nova Zelândia, junto com Amit Sengupta, do MSP Índia e Comitê de Organização do FSM, falaram sobre as recomendações internacionais no campo da saúde global, enfatizando o enfrentamento dos determinantes sociais da saúde tendo a equidade como princípio fundamental. A discussão girou em torno do tema da mudança climática, que responde às iniquidades e estrutura de poder no sistema global, afetando a saúde dos mais pobres através dos determinantes sociais da saúde. No combate à mudança climática, foram discutidas estratégias de mitigação e adaptação, ressaltando a enorme responsabilidade da OMS neste processo que envolve o enfrentamento da hegemonia neoliberal, assim como as possibilidades de mudanças na prática do cotidiano de cada cidadão.
A atividade sobre o relatório alternativo Observatório da Saúde Mundial 2, um dos projetos de cunho internacional do MSP, trouxe um resgate histórico do MSP desde o seu surgimento na 1ª Assembleia pela Saúde dos Povos, em Bangladesh no ano 2000, contado por Maria Zuniga, da Nicarágua. A discussão sobre o Observatório foi moderada por Janete Schubert e Camila Giugliani, de Porto Alegre. O grupo discutiu sobre a necessidade de se trabalhar com uma nova forma de desenvolvimento, menos focada na lógica do consumo e com uma nova orientação do modo de cooperação internacional, e encaminhou a proposta de elaboração de um Observatório sobre a saúde na América Latina, já que faltam exemplos latinoamericanos no relatório, cuja versão integral se encontra apenas em inglês. Apesar do nome Observatório, o grupo lembrou que não devemos ser somente observadores, e sim protagonistas da mudança que queremos.
O Grupo de Mulheres Negras Nzinga Mbandi/Fórum Nacional de Mulheres Negras, integrante do MSP - Circulo Brasil, com a participação do GAPA-RS, realizaram a Oficina “Racismo e Saúde da População Negra” que teve palestra ministrada pela Dra. Jacinta Senna, representante da Secretaria Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, falando sobre os avanços e desafios da implantação da Política de Saúde Integrada da População Negra e do Babalorixá Dibá de Yemanjá, que falou sobre a importância dos terreiros como promoção de saúde. Estiveram presentes na oficina estudantes de medicina e enfermagem, que ficaram atentos às informações, ativistas do Movimento Social Negro, além de ativistas do MSP da América Latina.
A delegação do MSP no FSM, representando todos os companheiros e companheiras que são parte deste grupo e que não puderam estar presentes, deixou Belém do Pará com energias renovadas para seguir na luta de forma mais integrada e fortalecida. O acolhimento caloroso do grupo da Escola Moaraná, no bairro Guamá, onde toda a delegação do MSPLA ficou alojada, e da companheira Marta Giane Machado Torres, fez esta semana em Belém ainda mais especial. O MSP Círculo Brasil se sente parte da América Latina e agradece aos companheiros e companheiras da delegação, gentilmente liderada pela Maria Zuniga, pelos ensinamentos compartilhados. Juntos somos fortes! MSP Círculo Brasil 05 de março de 2009 Para endossar a Carta pela saúde dos Povos em português, visite o sítio: http://phmovement.org/cms/en/node/add/charter-endorsement-portuguese
A Caminhada de Abertura do FSM, no dia 27 de janeiro, sob a chuva tropical da região Amazônica, ouviu e sentiu a manifestação de dezenas de milhares de pessoas. O MSP percorreu o trajeto com brados de luta pela saúde, integrando Brasil e América Latina, português e espanhol. “Alerta, alerta, alerta que camina la lucha por salud en América Latina!” e “ A nossa luta é todo dia, a nossa vida não é mercadoria!”. Em sintonia com outros milhares de gritos de luta que formavam uma só voz: a da justiça social.
Durante o FSM, as seis oficinas do MSP contribuíam para unificar e fortalecer o grupo presente, planejar ações futuras e agregar companheiros e companheiras que se identificam com a mesma luta. Durante estas atividades, foi possível trabalhar o tema da água, resgatando o seu significado divino, agregando ainda a sabedoria da cosmovisão maia. Também possibilitaram fantásticas trocas de experiências, discussões sobre atenção primária à saúde, mudança climática e determinantes sociais da saúde, além de apresentação e discussão sobre o relatório alternativo do Observatório da Saúde Mundial 2 e momento de planejamento do grupo para ações no Brasil e na América Latina. Outras duas oficinas, oferecidas pelo GAPA-RS, organização vinculada ao MSP Círculo Brasil, abordaram o protagonismo das pessoas vivendo com HIV/AIDS e o assunto da co-infecção HIV-hepatites. Na oficina “A Divindade da Água”, facilitada por Kátia Cesa, com a participação de Marta Conte e Patrícia Genro da ESP/RS, de Porto Alegre, e com mais de 60 pessoas presentes, fez-se um espaço para reflexões, trocas de experiências e de didáticas criativas para as atividades de educação ambiental. O trabalho se encerrou à margem do Rio Tucunduba, com um grande círculo, onde o companheiro Leopoldo Mendez, da Guatemala, compartilhou saberes ancestrais da cultura maia.
Na primeira oficina do GAPA-RS, facilitada pela psicóloga Sandra Perin e por Jaime Quiroga Berdias, da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com AIDS RNP+BRASIL/RS, refletiu-se sobre a necessidade do protagonismo de quem vive uma doença tão estigmatizada. Se antigamente as pessoas com HIV rapidamente morriam, agora elas vivem e podem ser agentes de sua própria saúde e de sua vida. Participaram cerca de 50 pessoas, na sua maioria profissionais ligados à saúde. Na segunda oficina, facilitada também por Sandra e pela coordenadora do Movimento de Hepatites do Brasil, a socióloga Regina Lancellotti, abordou-se o tema da co-infecção HIV/Hepatites e seus agravos. Participaram cerca de 80 pessoas, a maioria da área da saúde e profissionais do Programa Saúde da Família. A partir do trabalho realizado nas oficinas, pode-se perceber que o acolhimento aos usuários do SUS, tanto na área de tratamento/apoio ou na área de prevenção do HIV e das hepatites virais, está distante de ser satisfatório.
As experiências de luta em vários países da América Latina foram compartilhadas de forma interativa. Gabriel Garcia, de Chiapas, México; José Matias, da Frente Nacional pela Saúde dos Povos, do Equador; Jaime Morales, da Universidade de Cuenca, Equador; Margarita Posadas, de El Salvador; Damián Verzeñassi, da Universidade de Rosario, Argentina; Marcela Bobatto e Gerardo Segovia, do Movimento Laicrimposalud, da Argentina; Mauricio Torres, do Movimento Nacional pela Saúde e Seguridade Social na Colômbia: Carlos Lix, do Movimento Cidadão pela Saúde da Guatemala contaram suas inspiradoras vivências com paixão e espírito de luta contagiantes.
Na oficina sobre mudança climática e atenção primária à saúde, os integrantes do MSP e funcionários da Organização Mundial de Saúde Eugenio Villar, do Peru, e Kumanan Rasanathan, da Nova Zelândia, junto com Amit Sengupta, do MSP Índia e Comitê de Organização do FSM, falaram sobre as recomendações internacionais no campo da saúde global, enfatizando o enfrentamento dos determinantes sociais da saúde tendo a equidade como princípio fundamental. A discussão girou em torno do tema da mudança climática, que responde às iniquidades e estrutura de poder no sistema global, afetando a saúde dos mais pobres através dos determinantes sociais da saúde. No combate à mudança climática, foram discutidas estratégias de mitigação e adaptação, ressaltando a enorme responsabilidade da OMS neste processo que envolve o enfrentamento da hegemonia neoliberal, assim como as possibilidades de mudanças na prática do cotidiano de cada cidadão.
A atividade sobre o relatório alternativo Observatório da Saúde Mundial 2, um dos projetos de cunho internacional do MSP, trouxe um resgate histórico do MSP desde o seu surgimento na 1ª Assembleia pela Saúde dos Povos, em Bangladesh no ano 2000, contado por Maria Zuniga, da Nicarágua. A discussão sobre o Observatório foi moderada por Janete Schubert e Camila Giugliani, de Porto Alegre. O grupo discutiu sobre a necessidade de se trabalhar com uma nova forma de desenvolvimento, menos focada na lógica do consumo e com uma nova orientação do modo de cooperação internacional, e encaminhou a proposta de elaboração de um Observatório sobre a saúde na América Latina, já que faltam exemplos latinoamericanos no relatório, cuja versão integral se encontra apenas em inglês. Apesar do nome Observatório, o grupo lembrou que não devemos ser somente observadores, e sim protagonistas da mudança que queremos.
O Grupo de Mulheres Negras Nzinga Mbandi/Fórum Nacional de Mulheres Negras, integrante do MSP - Circulo Brasil, com a participação do GAPA-RS, realizaram a Oficina “Racismo e Saúde da População Negra” que teve palestra ministrada pela Dra. Jacinta Senna, representante da Secretaria Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, falando sobre os avanços e desafios da implantação da Política de Saúde Integrada da População Negra e do Babalorixá Dibá de Yemanjá, que falou sobre a importância dos terreiros como promoção de saúde. Estiveram presentes na oficina estudantes de medicina e enfermagem, que ficaram atentos às informações, ativistas do Movimento Social Negro, além de ativistas do MSP da América Latina.
A delegação do MSP no FSM, representando todos os companheiros e companheiras que são parte deste grupo e que não puderam estar presentes, deixou Belém do Pará com energias renovadas para seguir na luta de forma mais integrada e fortalecida. O acolhimento caloroso do grupo da Escola Moaraná, no bairro Guamá, onde toda a delegação do MSPLA ficou alojada, e da companheira Marta Giane Machado Torres, fez esta semana em Belém ainda mais especial. O MSP Círculo Brasil se sente parte da América Latina e agradece aos companheiros e companheiras da delegação, gentilmente liderada pela Maria Zuniga, pelos ensinamentos compartilhados. Juntos somos fortes! MSP Círculo Brasil 05 de março de 2009 Para endossar a Carta pela saúde dos Povos em português, visite o sítio: http://phmovement.org/cms/en/node/add/charter-endorsement-portuguese
1 comentario:
Eu acho que deveria ser mas explicado mas expecifico para que a gente entedamos ta muito complicado a gente pede uma coisa e aparece outra completamente diferente...
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